Registre a Própria Aleluia

A palavra deveria brotar sempre. Fazer castelos de areia e cavar buracos até encontrar poesia ou água. Salgada às vezes, mas água. Sinal de vida. Metáforas. Momentos de sentir. E, ao registrar sentimentos e fatos, poder dividir com o outro a ambiguidade na riqueza de sentidos.

Todos somos novelos emaranhados a querer movimento. Meditar através de um fio de linha, evoluir através do enovelar-se e do desatar os nós transformam.

Use canetas de muitas cores, lápis, vários tipos grafites. Deixe a mente fluir do cérebro para a mão. Delicadamente. Cuidadosamente. Então, olhe para dentro de si como uma folha em branco, janela por onde deslocar-se, ser bolha de sabão a projetar luzes.

Com o tempo, agarrar a coragem do abecedário pelos cabelos, mesmo que sejam poucos e olhar-se no espelho. Senza paura. Saindo da ostra, voar pérola.

Todos podem escrever. Isto gera saúde. O primeiro passo: saber dos direitos de criar. Dar-se o direito de se expressar sem censura é o segundo. Depois. Depois e depois: descobrir o prazer do processo singular. O seu. E sendo só seu,  universal porque humano.

Fazer uma escrita qualquer virar produto para um leitor é outra história. Um trabalhão? Verdades que se expõem em ricas formas de viver criando. E mesmo que o momento seja de dor, dê-se o direito ao estado de graça e tome um chá de aleluias.

É preciso tentar. Por vezes, acontecem milagres. Quase sempre luzes.

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