VIGILANTE
Marilice Costi
o olho da águia
(se) assusta e atrapalha
o posto sentinela
que imprime carga
e pulsa o coração
para desafogar a alma
mas não exprime
aquilo que precisa
a calma
o olho da águia
vê os cumes e não pára
sente ânsia e reluta
mesmo assim se espraia
não silencia
a voz que amplia
e é portuária
o olho da águia
desce ao lago, procura pérolas
onde estão as ostras lacradas
o bico da águia é gasto
as garras enfraquecidas
tem unhas que se rasgam
o olho da águia
ainda aprende, ainda alisa
as penas compondo asas
e sobe ao infinito
onde a luz do sol é tanta
que ciente de Ícaro
se encolhe e encanta
o olho da águia
só às vezes dorme.
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Poema de Marilice Costi, @copywright da autora. Foi publicado na “Presença Literária” da ALFRS.
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