A editora Movimento
A orientação de José Edil de Lima foi seguida a risco. Criei coragem e lá fui eu. Era a primeira vez que eu conheceria um editor de livros. Já ouvira falar de Appel. Em 1973, tempos de ditadura, as conversas corriam como rastilho de pólvora entre os jovens. A editora Movimento publicara Palmares, a guerra dos escravos, de 1973, de Décio Freitas, e fora complicado dar conta da censura, foi o que soubera na época. A ditadura já fazia 20 anos quando segui para a primeira publicação em livro.
Mesmo incerta do encontro do meu livro com minha família, me enchi de coragem. De poesia feminina gaúcha, eu só lera Martha Medeiros. Seu livro continha poemas com erotismo, mas a editora era de outro estado. E lá fui eu entregar os originais. Lembro-me de Appel, sentado em sua escrivaninha, e de sua simpatia ao receber o envelope.
Na semana seguinte, encontrei uma carta na caixa de correspondência, com o pedido de agendamento para conversarmos e acertar detalhes de uma possível publicação.
Nosso encontro revisitou meus conhecimentos de teoria poética. Appel também era professor de Literatura e me indagou sobre cada poema. Falamos de tema, metáfora, versificação, rima, ritmo, melodia…Quis saber por que eu terminava meus poemas sempre com um “ponto”. Afinal, versos livres… Era uma necessidade minha: a de marcar o fim daquele sentimento que expressara. Ele compreendeu e o ponto ficou.
Devo muito ao professor Carlos Jorge Appel. Nosso encontro me deixou mais certa de que poderia seguir escrevendo. Este livro recebeu muitas cartas e conto em outro post. Confira!
O meu primeiro livro foi ao prelo e recebeu o título Mulher Ponto Inicial, era 1984.
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Saiba mais do lançamento do livro em Memórias de Marilice.
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