Parabéns, meu ipê, companheiro há meio século de vida.

21 de setembro, dia da árvore.

O tempo passado é presente 
ano após ano
um repetido abandono

Ao olhar dos passantes acuso
o tempo que lava a terra
e as perdas do que me sustenta

se volutas de ar sacodem meus ramos
e danço ao sabor dos vendavais
sou copa ainda resiliente

Até quando?

Enquanto ilumino retinas
há sorrisos plantados
na face dos passantes

por segundos animei infâncias
sou memórias
a árvore de cada um

A vida segue a cada primavera
vão-se as flores, as folhas, os galhos
sem mais ver meu róseo tapete urbano.

Do livro: Das impermanências. Marilice Costi, 2022.

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Marilice Costi é escritora, poeta, contista. Especialista em Arteterapia e Capacitada em Neuropsicologia da Arte, é graduada em Arquitetura e mestre em Arquitetura pela UFRGS. Publicações: livros e artigos. Foi editora da revista O Cuidador.
 
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