As notícias de abuso com pessoas adolescentes e vulneráveis trazem enorme apreensão aos pais, sensação de impotência e fragilidade. Digo sensação, pois quando fazemos o possível, estamos fazendo o nosso melhor naquele momento e não cabe culpar-se. Dizer palavras de conforto, dar um abraço ou apenas escutar são atitudes tão simples. Precisamos acolher inclusive aos pais no ambiente escolar.
Famílas se revelam através de alunos, problemas mal resolvidos resultam em sintomas nas crianças, nos adolescentes através da agressividade, do desrespeito, do enfrentamento, da automutilação, da drogadição. Também os sintomas desadaptativos na escola podem resultar de dificuldades cognitivas, de sofrimentos neurológicos, neurossensoriais, orgânicos, psicológicos e outros, refletindo na baixa autoestima, ansiedade e depressão, até podem desencadear transtornos mentais.
Riscos na adolescência
Entre os itens relatados pela OPAS, o terceiro maior índice em adolescentes é o suicídio. É na escola que os sintomas aparecem, pois os pais pouco tempo convivem com os filhos. A escola é o lugar (espaço afetivo) onde eles expressam a sua necessidade de cuidado. Profissionais preparados podem auxiliar em uma vinculação mais adequada com a família . Uma experiência escolar com arteterapia foi demonstrada no XV Congresso Brasileiro de Arteterapia em Vitória, ES. O resultado foi tão importante, que está em análise para ser replicado em outras escolas.
O grupo familiar e a adolescência
Famílias carregam marcas. Trazem isso no DNA, está também no inconsciente coletivo. Um suicídio é carga para diversas gerações. Atualmente, os registros na OPAS são assustadores.
Atucanados entre o trabalho e a família, as mudanças violentas e rápidas no mundo, o excesso de informações em celulares, os país não se dão conta das necessidades dos filhos se eles também não foram acolhidos e se encontram em exaustão. Os pais precisam obter suporte aos seus sentimentos e emoções mal resolvidas, agem como se fossem adolescentes, quando o necessário é ser uma referência saudável e o porto seguro para os filhos.
Adolescentes vivem períodos complexos. Essa fase delicada, de oscilação nos hormônios, mudanças de comportamento, desejo de liberdade plena e sem responsabilidades, supervalorização dos relacionamentos sociais, necessidade de afirmação e individuação, geram momentos de risco para a drogadição, o crime, as doenças mentais, o desequilíbrio e muito mais. São tempos também difíceis para seus progenitores.
A educação que ocorria no grupo familiar, atualmente ocorre quando o resultado negativo aparece na escola. Os problemas também são geracionais, dependem das classes sociais, de escolaridade dos pais, de renda familiar, moradia e território seguro e muito mais.
Redes Sociais e baixa autoestima
As redes socias vêm cumprindo papel importante no adoecimento de nossos jovens. Hoje, 27 de novembro de 2014, eu soube que alguns países, a Austrália é um deles, está com leis de controle de adolescentes em redes sociais. E isso é um dado que importa para pensarmos o quanto nossos adolescentes estão largados em um mundo como esse, sem lei, sem respeito, com altos riscos para quem se encontra em processo delicado de crescimento e afirmação. Redes Sociais invadem a nossa vida com tal força que a família deixa pra lá, não lhes dando a devida importância.
Quando a aultoestima é prejudicada, a doença mental se instala. Com a Arteterapia, a autoestima melhora através da exploração de talentos e desenvolvimento de competências. Por isso, se oadolescente se isola, o sinal é de alerta. As escolas não têm tratado bem dessas questões, esbarram em professores despreparados para lidar com tantas demandas.
A Arteterapia na Escola
No XV Congresso Brasileiro de Arteterapia, assisti a uma Mesa sobre Educação e Arteterapia. Os trabalhos apresentados pelas colegas foram brilhantes. Abrem-se novos caminhos de atuação nas escolas, integrando-se à equipe multidisciplinar. O público adolescente pode se construir com afetividade, recebendo o apoio que necessita em um período conturbado.
A Arteterapia demonstrou resultados e os alunos puderam expressar suas dores e organizar seus sentimentos. Os pais se aproximaram de seus filhos, receberam a segurança necessária naquele momento e puderam ser mais assertivos nas soluções. O suporte arteterapêutico os auxiliou a atuarem em grupo sadio e a reconhecerem suas necessidades, dificuldades e trabalharem com elas encontrando potenciais adormecidos.
Arteterapeutas acolhem indivíduos em sua integralidade através de processos criativos.
A Arteterapia trouxe saúde mental aos alunos ao lhes possibilitar que emoções e sentimentos fossem expressos em um ambiente continente e de cuidados, acolhimento, criatividade, sentido de pertença e afeto através de convício sadio com seus pares. A Escola precisa cumprir o seu papel de ensinar e socializar.
Dar esperança e possibilitar a construção de afetos sadios e desenvolver em grupo ações criativas e inclusivas constroem seres humanos. A escola e a família precisam se unir e construirem juntos para estimular a convivência saudável. Dar tempo aos filhos e encontrar uma escolha que os acolhe tornam a vida famliar melhor e gera adultos mais realizados.
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Nota: Problemas mais sérios de saúde mental, tais como gravidez precoce, autoagressão e transtornos mentais podem ser percebidos precocemente, diagnosticados adequada e preventivamente através da Arteterapia e encaminhados para a rede SUS.
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A questão da inclusão ainda me causa dúvidas – isso comentarei em outro post. Encontrará algumas situações que vivenciei com meu filho com deficiências em escolas públicas em Porto Alegre neste livro. CLIQUE AQUI. Quem desejar adquirir este livro, TIRE SUAS DÚVIDAS NO CONTATO aqui.