Um professor entrou na sala de aula e observou que seus alunos estavam fora de seus lugares. Calmamente, largou o caderno de chamada, virou-se para o quadro e escreveu a tabuada do nove:

Virou-se e olhou para cada um deles e, sem dizer nada, sentou-se à sua mesa e retomou a chamada tranquilamente. Ao término, disse-lhes:

— Todos copiaram?

— Ainda não — disse um dos alunos que levantou o braço.

— Ok, só mais dois minutos – informou o professor. E aproximou-se dos alunos.

— Rir e debochar de quem erra é um comportamento comum ou raro?

O professor aguardou e como ninguém se manifestou, continuou:

— O que estou querendo lhes ensinar? Errei sem querer ou foi de propósito? — deu uma parada e respirou profundamente.  — Quando cometemos um erro, as chances de consertá-lo são raras. Isso se houver chance de consertar — enfatizou. —  Um erro pode custar o emprego, pode resultar em um processo judicial, pode causar a perda de um amor, de um filho, de uma namorada, de um amigo.

Os alunos trocaram olhares entre si e voltaram a olhar para o caderno e depois ao mestre.

— A sociedade reage às nossas atitudes, ao que erramos, e somos medidos por nossos erros. Não foi o que vocês fizeram agora comigo? —  e andou mais um passos. — Ninguém valoriza os acertos nem dá parabéns se houver um erro! Quem entre vocês valorizou os meus acertos na tabuada? O quanto errei e o quanto acertei?

O silêncio foi completo, só se ouvia a voz do professor e os seus passos.

— Fiz nove acertos, e? — E se o meu erro tivesse custado a vida de alguém? Causado um acidente? A morte? Imaginem quanto sofrimento se pode causar a uma pessoa com deficiência, e o quanto ela se esforça para acertar… se os seus acertos são muito mais difíceis?

O professor virou-se novamente na direção do quadro e escreveu:

“Tema de casa: Listar 3 pessoas de sua família e 3 de suas relações sociais (usem nomes fictícios), seus erros e seus acertos. Entregar na próxima aula.”

E deu a aula por encerrada.

— Amanhã continuaremos. Boa tarde a todos!

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Sala de aula, corpo e aprendizagem

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Marilice Costi é escritora, poeta, contista. Especialista em Arteterapia e Capacitada em Neuropsicologia da Arte, é graduada em Arquitetura e mestre em Arquitetura pela UFRGS. Publicações: livros e artigos. Foi editora da revista O Cuidador.
 
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