Um lugar topofílico
A função da literatura muitas vezes foi negada ou desconhecida. A literatura é o lugar onde se encenam todas as verdades, já que é o lugar da ficção, do imaginário, onde os desejos são ditos como de outro, podendo ser meu, do narrador ou do leitor, este desconhecido ao longe. Entretanto, este desconhecido diz muito de nós.
Nosso Interior
Uma das funções da Literatura é conectar-se com nosso interior, amplificar a linguagem e a compreensão da humanidade. No entanto, ela pode ser um espelho. É quando ocorre projeção de nosso interior através das palavras alheias.
A escrita não é o único processo que facilita o autoconhecimento, mesmo sendo utilizada como processo arteterapêutico único, a palavra é de quem a escreve, ali está o seu interior. Com o olhar não apenas na escrita, mas no corpo expressivo, na expressão, no uso e ocupação do papel, na pressão nos materiais escolhidos, são inúmeros os detalhes. Além disso, a observação nas metáforas (quem lê e escreve poesia pode desenvolver melhor essa competência), a clareza, os vazios e o silêncio. São muitas as possibilidades de se observar o outro através de seus registros e de sua gestalt.
Quando palavras se entrelaçam ao inconsciente
Nossa alma pode liberar tensões através do verdadeiro prazer na leitura ou da criação literária, pois ele emana de forças psíquicas bem mais profundas, afirmou Sigmund Freud em seu livro A criação literária e o sonho desperto. Já Lacan recorre ao literário de forma diversa de Freud (cujo interesse pela literatura tinha a função de ilustrar suas questões e descobertas): o inconsciente se estrutura como uma linguagem, e concede um valor revolucionário à autonomia do significante. São várias as dimensões das metáforas, palavras complexas que entrelaçam ambiguidades, enriquecendo o simbólico.
Amplie seu conhecimento sobre o tema: COSTI, Marilice. As palavras e o cuidado: Arteterapia e Literatura. Porto Alegre: Sana Arte, 2018.
Prefácio do Psiq. e Escritor Celso Gutfreind.
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