“Há muito tempo a psicopatia tem sido objeto de estudo e de preocupação da sociedade. Perguntas como: o que é psicopatia? o psicopata é sempre criminoso e serial killer? como reconhecer um? o que fazer quando se convive com um? São questionamentos constantes e saudáveis, principalmente quando são esclarecidos. Conhecer a psicopatia nos dá melhores condições para lidar com seus portadores.

Questão que há muito foi objeto de controvérsia, diz respeito ao conceito da expressão. Apesar de o sentido etimológico apontar a psicopatia como doença mental, entende-se que ela corresponde a um transtorno de personalidade.

Perfil do psicopata

Vicente Garrido (1) ressalta que o critério de inclusão universal que qualifica um sujeito de doente mental baseia-se na correção do raciocínio e no contato que ele tem com a realidade. O psicopata, diferentemente do que ocorre com quem tem transtornos mentais, não apresenta qualquer sintoma. Ele tem a exata percepção do mundo e da realidade e visa sempre satisfazer suas pretensões pessoais. Ele sabe exatamente o que ocorre ao seu redor e o que almeja. É inteligente a ponto de articular os melhores planos para atingir seus objetivos.

O psiquiatra argentino Hugo Marietan (2) descreve a psicopatia como uma forma de ser no mundo que aparece em qualquer classe social e em qualquer condição familiar. A psicopatia é, portanto, uma forma de o indivíduo se portar na sociedade.

Na lição do psiquiatra e pesquisador canadense Robert D. Hare (3), as características de um psicopata são evidenciadas de acordo com seus sentimentos em relação ao próximo e ao seu estilo de vida. Eles não expressam o que sentem em relação a terceiros, já que são desprovidos de sentimentos e emoções. Eles não têm empatia, pois nunca são capazes de experimentar os sentimentos humanos mais genuínos. Sua demonstração de afeto é mera encenação. Desde muito cedo, observam como os demais reagem a certas situações e as copiam como forma estratégica de sobrevivência para alcançarem seus objetivos.

Por vezes, seus planos são muito bem articulados antes de serem colocados em prática. Têm habilidade de articular bem as palavras e, com seu poder de persuasão, inventam estórias mirabolantes. Além disso, não sofrem qualquer sentimento de culpa ou remorso pelos atos devastadores provocados. Tudo faz parte de meticuloso plano, farão o que for preciso sem qualquer sentimento acusador de culpa.

Os psicopatas também têm uma visão supervalorizada de si. Acreditam ser a pessoa mais importante do mundo e, por esta razão, criam suas próprias normas. Tal característica não significa desconhecerem as regras que regem a sociedade (normas sociais e jurídicas), contudo, entendem que as suas regras são mais convenientes e adequadas à sua convivência e aos seus intentos.

No tocante ao seu estilo de vida, são impulsivos, possuem autocontrole deficiente, são irresponsáveis e sentem a necessidade de uma contínua excitação.

O psicopata já nasce psicopata. Ninguém se torna psicopata ao longo dos anos. Os seus atos antissociais podem ser observados desde a infância como, por exemplo: divertimento com o sofrimento alheio, constantes mentiras para se safarem de punições, prática de pequenos roubos e furtos, fugas do lar e da escola, uso de substâncias ilícitas, prática de violência, provocação de incêndios e vandalismo, sexualidade precoce e arrogância no modo de agir, falar e se vestir. No ambiente doméstico, apresentam condutas desafiadoras e agressivas em relação aos familiares e animais.

Importante mencionarmos que o psicopata não é, necessa­riamente, um criminoso ou um serial killer. Assim como existe muitos (não psicopatas) que se prestam à vida criminosa apenas in­fluenciados pelo ambiente social, há psicopatas que agem imoralmente sem violarem qualquer norma jurídica.

Causa originária da Psicopatia

Descobrir o que provoca a psicopatia em um indivíduo ainda é uma questão muito discutida. São fortes os indícios de haver correlação entre a tendência para a prática de comportamentos ilícitos e algumas deficiências cerebrais. (…)”

“É preciso estar atento aos que nos cercam. Um psicopata é capaz de, sem perceber, entrar na sua vida, devastá-la sem qualquer pudor ou remorso e sumir ao encalço da próxima vítima.”

(…) “Uma sociedade desinformada continua a ser o maior aliado de um psicopata. Ainda se tem a falsa ideia de que todo psicopata vive em ambientes socialmente marginalizados, que são emocionalmente desequilibrados e que possuem comportamentos aversivos todo o tempo. O que se desconhece é que um psicopata pode conviver em um ambiente familiar saudável, ter recebido boa educação, formado uma família, ser financeiramente estável, falar diversas línguas e ocupar importantes posições no mercado de trabalho (no setor privado ou público), na política, na mídia…” (…)

“Um psicopata é e será sempre psicopata. Sempre provocará estragos em qualquer ambiente, devastará a vida de pessoas, usará tudo para alcançar o que quer e desafiará as leis (morais, legais e/ou administrativas). Mas não podemos esquecer que o psicopata é um ser humano como outro qualquer.”

Michele O. de Abreu é advogada e docente, autora dessa matéria, encontrada em sua totalidade na revista O Cuidador, edição 33.

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Marilice Costi é escritora, poeta, contista. Especialista em Arteterapia e Capacitada em Neuropsicologia da Arte, é graduada em Arquitetura e mestre em Arquitetura pela UFRGS. Publicações: livros e artigos. Foi editora da revista O Cuidador.
 
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