Dias depois da viagem à Alegrete, preparei meus poemas para enviar a José Edil, que fora jurado no Concurso. Lembremos que o xerox não existia e muito menos impressoras como hoje. Preparei o material na minha máquina de escrever Lettera e enviei as folhas ofício com meus poemas em um envelope amarelo pelo correio.
Após uma semana, José Edil me telefonou e veio pessoalmente à minha casa para o esperado retorno.
Ainda possuo a folha de seda tipo ofício com suas anotações que fez à lápis enquanto falava comigo. Aprendi com ele o futuro que me aguardava, o valor da “hora-bunda”, que nunca imaginei que me custasse tanto e que rendesse tão pouco.
Meu novo amigo falou-me do cotidiano do escritor, do trabalho com a reescrita até encontrar a melhor palavra, o que passei a seguir a risco. Que eu tinha os 5% necessários para seguir, o que mais importava, mas que teria que dedicar-me aos 95%. Minha sina de escritora estava registrada, a transpiração era o caminho. O meu vir-a-ser para me tornar escritora. Isso esclarecia as horas que eu ficava na máquina de escrever enquanto todos dormiam. Parte desse tempo eu já conhecia, mas não sabia que ele aumentaria no decorrer da minha vida, amplificado pela minha necessidade de fazer melhor a cada dia e ainda achar falhas em materiais já publicados.
Bem, isso é outra história, o certo é que recebi o primeiro aval de meu professor Antonio Hohlfeldt e de José Edil, que eu recém conhecera. A partir de então, a escrita se tornaria minha maior companhia.
Quanto à hora-bunda? Bem, esta é outra história registrada em meu trabalho com a revista O Cuidador e que se perpetua até hoje!
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