O Dia Nacional da Poesia foi instituído com a lei 13.313 de 03 de junho de 2015 e a data escolhida para sua comemoração foi a data de aniversário de Drummond de Andrade: 31 de outubro

Talvez você se pergunte o motivo de se comemorar a Poesia, gênero literário, e qual a sua importância na vida das pessoas. Uns gostam outros detestam, outros gostam mais ou menos. Direitos individuais preservados, se você se interessa um pouco, compreenda abaixo um pouco mais sobre a poesia.

Qual o valor da poesia?

A poesia é um gênero de texto que apresenta maior dificuldade de compreensão ou interpretação por parte de leitores. Isso porque ela lida com a plurissignificação e com a ambiguidade, elementos que a tornam uma obra de arte. Em um tempo em que as pessoas vivem apressadas e com múltiplas tarefas, é mais tentador escolher uma narrativa simples e direta.

Seu valor reside pela exigência intelectual, o estímulo neuronal é maior do que um texto sem a duplicidade possível nas intenções do autor. Com ela, poderemos atingir o máximo de nosso intelecto e de nossa sensibilidade. Quando um país define dias de comemoração a gêneros literários, é porque valoriza a educação e a cultura, dando importância ao desenvolvimento cognitivo e expressivo de sua população. Se não entendemos a poesia é porque nossa capacidade se encontra reduzida. A poesia é um desafio mental, seu valor está no comprometimento de áreas de desenvolvimento intelectual.

Por isso é importante o seu estranhamento, a complexidade em sua linguagem, a poesia amplia sua capacidade de raciocinar e de ser mais sensível.

Assim comecei na poesia

Quando iniciei meus escritos poéticos eu era menina, conhecia as rimas mais simples: amor/dor, coração/paixão, as pobres, tais como falar/realizar, rir/partir as quem são de mesma conjugação/sonoridade, sílaba tônica na mesma classe gramatica. Verbos com verbos, substantivos com substantivos… eu tinha a pobreza poética dos iniciantes.

Minha mãe recortava os poemas na coluna do Correio do Povo, os livros circulavam pela casa, a literatura era analisada nas aulas no Colégio Notre Dame. Muito de meu vocabulário foi ampliado com os dicionários Lello ou Delta Larousse na mesa aonde fazia os temas. Aquela lista de palavras com mesma raiz me reportar às memórias com Dona Alice, viva ao meu lado. Lembro do seu gesto ao abrir aqueles livros pesados e pesquisar sem lamber os dedos ao folheá-lo e lembrando onde verificar o início das palavras no alto das páginas de papel bíblia. Agia assim com todos, era o seu modo de ensinar e estimular o crescimento intelectual de todos na casa, professora que largou o trabalho ao casar com meu pai, mas profissão até nos deixar.

A poesia em mim

A editora Movimento aprovou a publicação de Mulher Ponto Inicial e fiquei muito feliz, mas receosa da crítica familiar, afinal não era fácil expor o erotismo feminino que se espalhava pelo mundo, após a criação da pílula anticoncepcional. O segundo livro Clichês Domésticos reforçou conflitos e o papel feminino no cotidiano das mulheres, que vinha sofrendo mutação. E minha vida também.

O tempo passou e houve momentos em que me senti bloqueada e em outros sem coragem de seguir, minha crítica se tornara mais aguçada, mas eu continuei escrevendo muito. A escrita era minha terapia, diário era meu terapeuta e sobrevivia-se entre os muitos conflitos nos papéis de mãe de 3 filhos, cada um com sua complexidade humana e necessidades, e o mundo a lutar pelos direitos sociais.

Minha linguagem era ampliada a cada dia e a escrita passou a ser sobrevivência.

Foi assim que elaborei um grande sofrimento com os dois longos poemas que ganharam prêmio Açorianos em 2006. Um livro singelo, pequeno, que desejei delicado para tratar o tema da perda e da resistência.

Com o tempo, passei a escrever com tal complexidade que me tornei hermética, criei significados que só eu sabia, dificultando a leitura das pessoas. Um crítica de um poeta que respeito me fez parar por este caminho. Qual o poeta que não quer ser lido? Dificultar como Ezra Pound?

A linguagem da simplificação (não confunda com singeleza) sofria mutação para se tornar o que vemos hoje, menor exigência aos leitores, redução da pesquisa em dicionários e tempo “gasto” para ampliar a percepção e qualidade de nosso vocabulário. E os algoritmos compartilhados a mandar mais do mesmo o tempo todo.

Desejei mudar meu algoritmo. Cansei da mesmice, da linguagem rala. A qualidade da comunicação e a expressão nivelada ao mínimo me incomodaram. Estudiosos consideram que isso vem causando o embotamento mental de milhões de pessoas, espaço fácil para a entrada de fakes, manobra de computadores e IA para criar rebamos fáceis de domesticar através de linguagem pobre e manipuladora de sentimentos de medo, dramatismo, raiva, ironias e agressões. A verdade? Alguém quer saber?

Com métodos para enganar o leitor, que confia em seus “amigos”, fazem leitura rápida e não questionam pois nada interpretam. A linguagem é literal, pouco exigindo do raciocínio.

Escritores não querem enganar o leitor, escritores desejam compartilhar visões únicas, amplificar olhares sobre a vida, registrar suas aldeias demonstrando a humanidade e sua universalidade. Imagine uma pluma visível por uma pessoa apenas e uma guerra, algo em comum?

O poema: desafio ao nosso interior

O desafio me seduz. Gosto de descobrir. Tenho prazer em ampliar meu conhecimento. Assim construí minhas oficinas de poesia. E foi assim que passei a amar e ler mais sobre a criatividade. E deu no que deu, no que me construí.

A poesia nos salva. Sempre salvou. Experimente. Escreva o que sente em um papel. Se não sabe da poesia, participe de uma oficina, observe a composição de músicas de poetas, confira as letras de Chico Buarque, a Antologia de Vinicius de Moraes e as de muitos outros poetas, descubra o motivo de suas preferências, as metáforas, as dúvidas, as rimas e a melodia, o ritmo das estrofes, escute documentários sobre composição de letras de músicas… Se desejar, converse comigo. Desbloqueie seu potencial em uma oficina e desenvolva sua expressão. Não desista! Há um mundo ao seu redor que a auxiliará a viver para descobrir o seu poema e sua expressividade.

COPIAR MEU POEMA Você encontra neste blog muitos de meus poemas.

A poesia nos salva, amplia a percepção de si mesmo e a empatia, possibilita compreender sentimentos de dor e registra nossas alegrias, lastros de memórias que nos apoiam na vida.

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Marilice Costi é escritora, poeta, contista. Especialista em Arteterapia e Capacitada em Neuropsicologia da Arte, é graduada em Arquitetura e mestre em Arquitetura pela UFRGS. Publicações: livros e artigos. Foi editora da revista O Cuidador.
 
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